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'Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.' (João, 5, 43)


O Anticristo será um judeu

(O anticristo será de origem judaica; não obrigatoriamente nascido em Israel.)

 

Reproduzimos, abaixo, extrato do texto A PESSOA DO ANTICRISTO (Autor: Arthur W. Pink, Capítulo 3), extraído de http://www.espada.eti.br

 

n/d  O Anticristo não é um sistema do mal, nem uma organização anticristã, mas, ao contrário, um único indivíduo, uma pessoa que ainda aparecerá. Em suporte a isso, apelamos para a declaração do nosso Senhor, registrada em João 5, 43: ‘Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.’ Aqui o Salvador compara e contrasta o Homem do Pecado consigo mesmo. O ponto de comparação é que, como o Salvador, ele se oferecerá a Israel; o contraste é que, ao contrário de Jesus, que foi rejeitado pelos judeus, o falso messias será ‘recebido’ por eles. Se, então, o Anticristo pode ser comparado e contrastado com o Cristo de Deus, ele também precisa ser uma pessoa, um indivíduo.

Chamamos novamente sua atenção para as expressões usadas pelo apóstolo Paulo em 2Ts. 2:3-4,8-9: ‘... e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora... o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda, a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira’ — todas elas apontam distintamente para um único indivíduo, como as predições messiânicas do Velho Testamento apontaram para a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Destarte, com a certeza que o ‘Anticristo’ significa um indivíduo específico, nossa próxima preocupação é examinar as Escrituras e aprender o que Deus se agradou em revelar com relação a essa Personificação do Mal.

I. O Anticristo Será um Judeu

1.O Anticristo será um judeu, embora suas conexões, sua posição governamental, sua esfera de domínio, de modo algum o mantenham confinado ao povo israelita. Entretanto, é preciso salientar que não existe uma declaração expressa das Escrituras que diga com todas as letras que esse audacioso rebelde será um judeu; entretanto, as indicações dadas são tão claras, as conclusões a que precisamos chegar por certas afirmações dos Escritos Sagrados são tão óbvias, e os requisitos são tão inevitáveis, que somos forçados a acreditar que ele terá de ser um judeu. São para essas indicações, conclusões e requisitos que nos voltamos agora.

Em Ezequiel 21:25-27, lemos: ‘E tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia virá no tempo da extrema iniquidade, assim diz o SENHOR Deus: Tira o diadema, e remove a coroa; esta não será a mesma; exalta ao humilde, e humilha ao soberbo. Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa, e ela não mais será, até que venha aquele a quem pertence de direito; a ele a darei.’ A posição dispensacional e o escopo desta passagem não são difíceis de determinar. A marca do tempo é dada no verso 25; é ‘no tempo da extrema iniquidade’. É o fim dos tempos que está em vista, quando ‘acabarem os prevaricadores’ (Dn. 8:23 e confira 11:36 — ‘até que a ira se complete’). Neste tempo Israel terá um príncipe, um príncipe coroado (v. 26) e um príncipe cujo dia virá quando a iniquidade terá um fim. Agora, quem é esse príncipe, certamente não há margem para dúvida. O único príncipe que Israel terá naquele dia é o Filho da Perdição, aqui chamado de príncipe de Israel porque ele estará se mascarando como Messias, o Príncipe! (Veja Dn. 9, 25). Outra marca inegável de identificação é dada aqui, em que ele é expressamente denominado ‘profano e ímpio príncipe’ — com toda a certeza, é o Homem do Pecado que está em vista aqui, aquele iníquo que ‘se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus’. Mas o que deve ser observado particularmente é que esse personagem profano e iníquo é chamado aqui de ‘príncipe de Israel’ Portanto, ele precisará ser da linhagem de Abraão, um judeu!

2. Em Ez. 28, 2-10, há uma notável descrição do Anticristo sob a figura do ‘príncipe de Tiro’, exatamente como nos versos 12-19 temos outra interessantíssima descrição de Satanás sob a figura do ‘rei de Tiro’. Em um capítulo posterior, esperamos mostrar que, sem sombra de dúvidas, é o Anticristo que está em vista na primeira seção de Ezequiel 28. Há somente uma coisa que agora salientaríamos a respeito dessa passagem; o verso 10 diz a respeito dele: ‘Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estrangeiros, porque eu o falei, diz o SENHOR Deus’, o que é uma forte indicação que ele não deveria receber a morte dos incircuncisos, pois pertence à Circuncisão! Se alguém disser que esse verso não pode ser aplicado ao Anticristo por que ele será destruído pelo próprio Cristo na Sua vinda, a objeção é facilmente refutada por uma referência a Ap. 13, 14, que diz que o Anticristo receberá uma ferida mortal pela espada e que ressuscitará dos mortos — o que ocorrerá antes de sua destruição final pelas mãos do Salvador.

3. Em Daniel 11, 36-37, lemos: ‘E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito. E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.’ É evidente que esta passagem se refere e descreve ninguém menos que o próprio vindouro Anticristo. Entretanto, queremos chamar a atenção para a última frase citada — ‘o Deus de seus pais’. O que devemos entender com essa expressão? Certamente, que ele é um judeu, um israelita, e que seus pais segundo a carne foram Abraão, Isaque e Jacó — pois esse é o significado invariável de ‘pais’ em todas as Escrituras do Velho Testamento.

4. Em Mateus 12, 43-45, temos outra escritura notável que será considerada em breve, em uma seção posterior deste capítulo, quando tentaremos mostrar que o ‘espírito imundo’ aqui é ninguém menos que o Filho da Perdição, e que a ‘casa’ da qual ele sai e para aonde retorna, é a nação de Israel. Se isso puder ser estabelecido, então temos outra prova que ele será um judeu, pois essa ‘casa’, que é Israel, é aqui chamada pelo Anticristo de ‘minha casa’. Exatamente como Salomão era da ‘casa de Davi’, assim também o Anticristo será da casa de Israel.

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5. Em João 5,43, temos uma palavra adicional que nos ajuda a fixar a nacionalidade desse que virá. Falando a respeito do falso messias, o Senhor Jesus se referenciou a ele da seguinte forma: ‘se outro vier em seu próprio nome’. Na língua grega, existem quatro palavras diferentes que são todas traduzidas como ‘outro’ nas versões das nossas Bíblias. Uma delas é empregada somente uma vez, uma segunda é empregada cinco vezes, de modo que precisamos nos deter agora nelas. As duas restantes são usadas frequentemente e com uma clara distinção entre elas. A primeira, allos, significa ‘um outro’ do mesmo tipo ou classe — veja Mt. 10:23; 13:24; 26:71, etc. A segunda, heteros, significa ‘um outro’ de um tipo totalmente diferente — veja Mc. 16,12; Lc. 14,31; At. 7,18; Rm. 7,23. Agora, o que é chocante é que a palavra usada por nosso Senhor em João 5,43 é allos, outro do mesmo tipo ou classe, não heteros, outro de uma ordem diferente. Cristo, o Filho de Abraão, o Filho de Davi, se apresentou a Israel e foi rejeitado por eles; mas ‘outro’ da mesma linhagem de Abraão virá até eles, e será ‘recebido’. Se o vindouro Anticristo fosse um gentio, o Senhor teria empregado a palavra heteros; o fato de ter usado allos mostra que o Anticristo será um judeu.

6. O próprio nome ‘Anticristo’ argumenta fortemente em favor de sua nacionalidade judaica. Esse título ‘Anticristo’ tem um duplo significado. Ele significa que ele será alguém que se ‘oporá’ a Cristo, que será seu inimigo. Mas, também indica que ele será um falso Cristo, uma imitação de Cristo, um pseudo-Cristo. Isto significa que o Anticristo macaqueará Cristo. Ele fará a pose do verdadeiro Messias de Israel. Para tanto, ele precisará ser um judeu.

7. Essa simulação de Cristo será ‘recebida’ por Israel. Os judeus serão enganados por ele. Eles acreditarão que ele é, de fato, seu longamente aguardado Messias. Eles o aceitarão como tal. Mas, para esse pseudo-Cristo conseguir se impor aos judeus como seu verdadeiro Messias, ele precisará ser um judeu, pois é impensável que eles sejam enganados por qualquer gentio.

Antes de passarmos para o próximo ponto, podemos adicionar que era a crença comum entre os cristãos durante os quatro primeiros séculos da era cristã, que o Anticristo viria da tribo de Dã. Se isso será o caso ou não, não sabemos. Gênesis 49, 17-18 pode ter uma referência final a esse Filho da Perdição. Certamente, Dã é a mais misteriosa de todas as doze tribos.

II. O Anticristo Será o Filho de Satanás

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Que Satanás terá um filho não deve ser surpresa para nós. O Diabo é um grande imitador e muito de seu sucesso em enganar os homens vem de sua incrível capacidade de falsificar as coisas de Deus. A seguir damos uma lista de algumas de suas imitações:

Cristo saiu para semear a ‘boa semente’ (Mt. 13:24); o inimigo saiu para semear seu ‘joio' — uma falsificação do trigo (Mt. 13:25). Lemos a respeito dos ‘filhos de Deus’, depois também lemos a respeito dos ‘filhos do maligno’ (Mt. 13:28). Lemos que Deus opera em Seus filhos ‘tanto o querer como o efetuar’ (Fp. 2:13), depois ficamos sabendo que o príncipe da potestade do ar é o ‘espírito que opera nos filhos da desobediência’ (Ef. 2:2). Lemos a respeito do evangelho de Deus, depois também lemos que Satanás tem um evangelho — ‘um outro evangelho’ (Gl. 1, 6-7). Cristo escolheu apóstolos; Satanás também tem seus apóstolos (2 Co. 11, 13). Somos informados que ‘o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.’ (1 Co. 2, 10), e depois que Satanás também tem suas ‘profundezas’ (veja Ap. 2:24). Somos instruídos que Deus, por seu anjo, ‘selará’ Seus servos em suas frontes (Ap. 7, 3); assim também lemos que Satanás, por seus anjos, colocará uma marca na fronte de seus devotos (Ap. 13, 16). Cristo citou as Escrituras; o Diabo fez o mesmo (Mt. 4, 6). Cristo é a luz do mundo; o Diabo se transforma em ‘anjo de luz’ (2 Co. 11, 14). Cristo é denominado ‘leão da tribo de Judá’ (Ap. 5:5); o Diabo é chamado de ‘leão que ruge’ (1 Pe. 5:6). Lemos a respeito de Cristo e ‘Seus anjos’ (Mt 24:31); depois lemos também sobre o Diabo e ‘seus anjos’ (Mt. 25, 41). Cristo operou milagres; assim também Satanás operará milagres (2 Ts. 2, 9). Cristo se assentou em um ‘Trono’; o Diabo também está assentado sobre um trono (Ap. 2:13). Cristo tem uma igreja; o Diabo tem uma sinagoga (Ap. 2, 9). Cristo tem uma ‘noiva'; Satanás tem sua ‘prostituta’ (Ap. 17, 16). Deus tem Sua vinha; o Diabo também tem (Ap. 14, 19). Deus tem uma cidade, a nova Jerusalém; Satanás tem uma cidade, Babilônia (Ap. 17, 5; 18, 2). Existe o ‘mistério da piedade’ (1 Tm. 3:16), assim também existe um ‘mistério da injustiça’ (2 Ts. 2:7). Deus tem um Filho unigênito; o Diabo tem o ‘Filho da Perdição’ (2 Ts. 2:3). Cristo é chamado de ‘semente da mulher’ e o Anticristo será a ‘semente da serpente’ (Gn. 3:15). O Filho de Deus também é chamado de filho do homem; o filho de Satanás será o Homem do Pecado (2 Ts. 2, 3).

Existe uma Santa Trindade; haverá também uma trindade do mal (Ap. 20, 10). Nessa trindade do mal, o próprio Satanás será supremo, exatamente como na Santa Trindade o Pai é (governamentalmente) supremo; observe que Satanás é várias vezes chamado de pai (veja João 8, 44, etc.) Ao seu filho, o Anticristo, Satanás entrega autoridade e poderio para representá-lo e atuar em seu nome (Ap. 13, 4), exatamente como Jesus Cristo recebeu do Pai ‘todo o poder e autoridade nos céus e na terra’ e usar para Sua glória. O Dragão (Satanás) e a besta (o Anticristo) serão acompanhados por um terceiro indivíduo, o Falso Profeta e, do mesmo modo como a terceira pessoa na Santa Trindade, o Espírito Santo, dá testemunho da pessoa e da obra de Cristo e O glorifica, assim também a terceira pessoa na trindade maligna dará testemunho da pessoa e das obras do Anticristo, e o glorificará (veja Ap. 13, 11-14).

O Anticristo será um homem, porém mais do que um homem; exatamente como Cristo foi um homem, porém era mais do que um homem. O Anticristo será o super-homem de quem o mundo agora está falando, e que está procurando. O iníquo, que será revelado brevemente será um personagem sobrenatural, ele será o Filho de Satanás. A natureza dupla dele é declarada claramente em 2Ts. 2, 3 — ‘o homem do pecado, o filho da perdição’. Para a prova dessas afirmações pedimos uma cuidadosa atenção para o que se segue.

1. ‘E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’ [Gn. 3,15]. Observe particularmente que duas ‘sementes’ são mencionadas; ‘tua semente’ (o antecedente é claramente a serpente) e ‘sua semente’ refere-se à semente da mulher. A semente da mulher é Cristo; a semente da serpente será o Anticristo. Portanto, o Anticristo será mais do que apenas um homem; ele será a semente real e literal daquela antiga Serpente, o Diabo; como Cristo foi, segundo a carne, a real e literal semente da mulher. ‘Tua semente’, a semente de Satanás, refere-se a um indivíduo específico, exatamente como ‘sua semente’ refere-se a um indivíduo específico.

2. ‘Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar.’ [Is. 27:1]. Para apreciar a força disto precisamos ir ao contexto, que infelizmente está quebrado pela divisão dos capítulos. Nos versos finais de Isaías 26, ouvimos Deus dizer: ‘Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira.’ [26:20]. Essas palavras são dirigidas ao remanescente de Israel. A aplicação final delas será para aqueles que estiverem vivendo na terra durante o fim dos tempos, o tempo da indignação de Deus (confira Dn. 8,19 e 11,36). É o tempo quando ‘o SENHOR sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos.’ [26, 21] — observe que ‘iniquidade’ está no singular, não ‘iniquidades’. É a adoração deles ao Homem de Satanás que está sendo especificamente referenciada. Logo em seguida, temos: ‘Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar.’ O fato de o iníquo ser denominado aqui ‘serpente veloz e tortuosa’ indica fortemente que ele será o filho da antiga serpente, o Diabo.

3. Nas duas primeiras seções de Ezequiel 28, dois personagens notáveis são colocados diante de nós. O segundo, descrito nos versos 12-19, recebeu considerável atenção dos estudantes da Bíblia nas duas últimas gerações e, como o falecido G. H. Pember salientou, aquilo que é dito do ‘rei de Tiro’ não pode ser verdade a respeito de nenhum rei terreal, ou de qualquer ser humano, e descreve um personagem que ninguém mais, exceto Satanás, poderia representar (antes de sua queda). Essa interpretação foi adotada pela maioria dos principais mestres da Bíblia. Entretanto, pouca atenção tem sido dada ao personagem descrito nos dez primeiros versos do capítulo.

Agora, exatamente como aquilo que é dito em Ezequiel 28 a respeito do ‘rei de Tiro’ somente pode se aplicar totalmente ao próprio Satanás, assim também aquilo que é dito a respeito do ‘príncipe de Tiro’ manifestamente tem referência ao Anticristo. Os paralelismos entre aquilo que é dito aqui e o que encontramos em outras escrituras que descrevem o Filho da Perdição são tão numerosos e tão evidentes, que somos obrigados a concluir que é a mesma pessoa que está sendo contemplada. Não podemos neste momento tentar fazer uma exposição completa de toda a passagem, apenas chamaremos sua atenção para algumas das principais marcas de identificação:

Em primeiro lugar, o Senhor Deus diz a esse personagem: ‘Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares’ — confira 2Ts. 2,4. Segundo, ‘Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum que se possa esconder de ti’ — confira Dn. 8, 23 e 7, 8: ‘entre eles subiu outro chifre pequeno... e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas’, o que indica que o Anticristo possuirá uma inteligência extraordinária. Terceiro, é dito desse personagem: ‘Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.’ (v. 4 — confira também Sl. 52, 7; Dn. 11, 38).

Acreditamos que o que foi dito seja suficiente para mostrar que sob a figura desse ‘príncipe de Tiro’, podemos discernir claramente as características inegáveis do vindouro Anticristo. Entretanto, o ponto particular que queremos mostrar é que, como Satanás é chamado de ‘rei de Tiro’, na segunda seção desse capítulo, o Anticristo é referenciado como o ‘príncipe de Tiro’. Portanto, o Anticristo está aparentado a Satanás como o ‘príncipe’ está ao ‘rei’, isto é, como um filho ao seu pai.

4. Em Mateus 12, 43, o Anticristo é chamado de ‘espírito imundo’, não meramente um espírito imundo, mas o espírito imundo. Não podemos parar agora e apresentar a evidência que é o Anticristo que está em vista aqui, pois essa é outra passagem que consideraremos cuidadosamente em um capítulo posterior. Mas, na mente do autor não há dúvida que é ninguém menos que a besta que está em vista aqui. Se este for o caso, então temos evidência adicional que o vindouro Anticristo não será um mero homem possesso por Satanás, porém um anjo caído, um espírito maligno, a encarnação do Diabo.

5. ‘Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.’ [Jo. 8:44]. Aqui está ainda outra prova que o Anticristo será um super-humano, o filho de Satanás. No original grego, existe o artigo definido antes da palavra ‘mentira’ — ‘a Mentira’. Há outra passagem no Novo Testamento onde ‘a Mentira’ é mencionada, em 2Ts. 2, 11, onde novamente o artigo definido é encontrado no original grego, e a referência é óbvia.

Uma terceira razão pode ser sugerida sobre a razão de o Anticristo ser chamado de ‘a Mentira’. Primeiro, porque sua afirmação fraudulenta de ser o verdadeiro Cristo será a maior falsidade imposta sobre a humanidade. Segundo, porque ele é a antítese direta do Cristo real, que é ‘a Verdade’ (Jo. 14:6). Terceiro, porque ele é o filho de Satanás que é o arquimentiroso. Mas retornando a João 8,44, ‘Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.’ O que lhe é próprio? Seu ‘próprio’ filho — o restante do verso torna isso muito claro — 'porque ele (o Diabo) é mentiroso e pai da mentira’, isto é da ‘Mentira’. A mentira, então, é uma criatura de Satanás!

6. ‘Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição.’ [2Ts. 2:3]. Nada poderia ser mais claro do que isto. Aqui o Anticristo é declarado expressamente como super-humano — ‘o filho da perdição’. Exatamente como o Cristo é o Filho de Deus, assim também o Anticristo será o filho de Satanás. Exatamente como em Cristo habitava corporalmente a plenitude da divindade, e como Cristo pôde dizer: ‘Quem vê a mim vê o Pai’, assim o Anticristo será a incorporação total e final do Diabo. Ele não será somente a encarnação do Diabo, mas a representação perfeita da sua impiedade e poder.

7. Em Apocalipse 13,1, lemos: ‘E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.’ É profundamente significativo marcar como as coisas são aqui vinculadas juntas como causa e efeito. O aparecimento da besta (o Anticristo) está imediatamente conectado com o Dragão! Mas isto não é tudo. Observe a descrição que é dada: ele tem dez chifres (plenitude de poder) e sete cabeças (completa sabedoria) e isto é exatamente como o próprio Satanás é descrito em Ap. 12:3: ‘E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas’! A ligação dessas escrituras prova sem sombra de dúvidas que o Anticristo será uma réplica exata do próprio Satanás!

Entretanto, outra coisa ainda mais surpreendente permanece para ser considerada, que é:

1. Salmos 55, diz muito sobre o Anticristo em sua relação com Israel. Entre outras coisas, lemos: ‘As palavras da sua boca eram mais macias do que a manteiga, mas havia guerra no seu coração: as suas palavras eram mais brandas do que o azeite; contudo, eram espadas desembainhadas.’ (v. 21). A ocasião para esse triste lamento é mostrada no verso anterior: ‘Tal homem pôs as suas mãos naqueles que têm paz com ele; quebrou a sua aliança.’ A referência é a quebra por parte do Anticristo do seu pacto de sete anos com os judeus (veja Dn. 9,27; 11, 21-24). Agora, se todo o salmo for lido com isso em mente, ficará claro que ele apresenta os sofrimentos de Israel e os suspiros do remanescente fiel a Deus durante o fim dos tempos. Mas a coisa notável é que quando chegamos aos versos 11-14 descobrimos que aquilo tem uma dupla aplicação e cumprimento — ‘Maldade há dentro dela; astúcia e engano não se apartam das suas ruas. Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado; nem era o que me odiava que se engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido. Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo. Consultávamos juntos suavemente, e andávamos em companhia na casa de Deus.’ Estes versos descrevem não somente a traição básica de Judas a Cristo, mas também anunciam como o fará o Anticristo, traindo e deserdando Israel. A relação do Anticristo com Israel será precisamente a mesma que a de Judas com Cristo no passado. Ele se fará passar por amigo dos judeus, porém mais tarde mostrará seu verdadeiro caráter. No período da Tribulação, a nação de Israel experimentará a amargura da traição e da deserção por aquele que se mascarava de ‘amigo da família’.

2. ‘E a vossa aliança com a morte se anulará; e o vosso acordo com o inferno não subsistirá; e, quando o dilúvio do açoite passar, então sereis por ele pisados.’ [Is. 28:18]. A ‘aliança’ referida aqui é a aliança de sete anos mencionada em Dn. 9,27. Mas aqui, aquele com quem a aliança será feita é chamado de ‘morte e inferno’. Este é um título do Anticristo, como ‘ressurreição e a vida’ são do verdadeiro Cristo. Este verso em Isaías 28 não é o único em que o Filho da Perdição é assim denominado. Apocalipse 6 apresenta um quadro dele em quatro aspectos — a antítese dos quatro aspectos do Senhor Jesus nos evangelhos. Aqui, ele é visto como um cavaleiro montado em cavalos de cores diferentes, o que apresenta para nós os quatro estágios de sua terrível carreira e, quando chegamos ao último deles, o Espírito Santo expõe a verdadeira identidade dele dizendo: ‘E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia...’ (Ap. 6:8). ‘Inferno’, ou ‘Hades’, é o lugar que recebe as almas dos mortos e o fato que esse nome horrível seja aplicado ao Anticristo indica que ele virá dali.

 

Tradução: Jeremias R D P dos Santos
Data da publicação: 16/8/2010
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/senha.htm

 


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