‹ voltar



Como o Cristianismo está adotando a agenda secular e abandonando a sua agenda

 

As denominações cristãs no Ocidente estão rapidamente alcançando um compromisso menor com sua doutrina histórica. E esta tendência também se acelerou na Igreja Católica após o Sínodo dos Bispos. As hierarquias estão de acordo com o cristianismo light que foi instalado nos bancos das igrejas, graças à falta de pregação dos sacerdotes sobre temas centrais da fé. É um cristianismo light, sem dogmas, com o objetivo de melhorar a vida na terra.

A pergunta central é: para onde isso nos leva? E basta ver o que aconteceu com as denominações que foram pioneiras nesse "cristianismo de baixa intensidade" para saber que o destino é o desaparecimento. No norte da Europa, anglicanos e luteranos escandinavos estão implodindo, porque se apressaram a se conformar com a tentação de se adaptar à moral do "mundo".

 

 

COMO ESTÁ SENDO CONTRUÍDO ESTE CRISTIANISMO LIGHT

Todos podemos ler na imprensa que os temas centrais de preocupação deste criatianismo se relacionam com a agenda secularista, como as mudanças climáticas ou as migrações de muçulmanos para a Europa ou a crítica à rigidez doutrinária dos fiéis cristãos, passando para segundo plano a defesa das pessoas que não têm permissão para nascer, ou a correção aos fiéis que se desviam e correm o risco de se perder para a vida eterna.

Tecnicamente, os sociólogos chamam isso de cristianismo de "baixa intensidade".

Este estilo tem alcançado maior visibilidade e elogios da sociedade secularista, porque ele põe seu olhar neste mundo, defendendo as pessoas dos males que estão na Terra, o que, em última análise, é o que importa para aqueles que não levam em conta a vida eterna e seus requisitos. E o pior é que os reforça nessa visão materialista. Há como que uma obsessão de se amoldar aos sinais dos tempos, em vez de pregar a mensagem original de Jesus que está estampada na Bíblia. Mas, apesar de sua maior visibilidade e de suscitar elogios dos secularistas, é irrelevante na cena pública.

Um indicador básico é o que o vaticano Sandro Magister aponta: 

“A metamorfose desse catolicismo de 'baixa intensidade' é clamorosamente evidente no cenário político. Os Estados Unidos e a Itália são dois exemplos disso. Nos dois países, os católicos têm uma presença numérica maior, também nos vértices do país, em comparação ao passado. Nos Estados Unidos o chefe da estratégia política de Trump, Steve Bannon, é católico. Cinco dos nove juízes da suprema corte são católicos, além de 38% dos governadores. 31,4% dos congressistas são católicos, dez pontos a mais do que os cidadãos adultos de todo o país. No entanto, apesar dessa forte presença dos católicos na política, os princípios inalienáveis ​​da Igreja em matéria de divórcio, aborto, eutanásia e homossexualidade não incidem com igual força sobre as leis; pelo contrário, cada vez se afastam mais. Na Itália, acontece a mesma coisa. Os últimos primeiros-ministros, de Mario Monti a Enrico Letta, Matteo Renzi ou Paolo Gentiloni, são todos católicos praticantes. Como o é também o atual presidente da república, Sergio Mattarella. E são católicos um grande número de membros do governo e de deputados de todos os partidos. Mas a influência da Igreja no campo político atualmente é quase nula, como demonstram as leis a respeito das uniões homossexuais e pelo fim da vida. ”

 

A TEORIA DA RELIGIÃO DE "BAIXA INTENSIDADE"

O sociólogo italiano Luca Diotallevi é um personagem muito bem valorizado pelos católicos da península que defende o desenvolvimento desse tipo de cristianismo. Ele insiste que a religiosidade ocidental está se expandindo e se construindo sobre a crise do cristianismo.

Diotallevi afirma que:

“A grande vantagem dessa opção [a religião de baixa intensidade] consiste no fato de oferecer ao consumidor religioso uma infinita capacidade de escolha. E de recombinação entre os bens e serviços colocados no mercado pelos mais diversos atores da oferta religiosa. Nesta competição, os novos protagonistas da oferta religiosa – desde os pentecostais e carismáticos à Nova Era - têm boas cartas para jogar: uma extrema flexibilidade e uma grande indulgência que valoriza a expressividade ".

E aqui vem o mais interessante da teoria de Diotallevi,

"Mas também os líderes religiosos tradicionais têm muitas possibilidades. Sempre com a condição de se livrar dos 'velhos' escrúpulos da ortodoxia e da ortopraxis, para ter mais visibilidade. Mesmo no catolicismo, muitos líderes religiosos adotaram e estão adotando as formas de uma religião de baixa intensidade ".

Isso não é mais nem menos o que aconteceu com os anglicanos e luteranos escandinavos, que estão se conformando a refletir a luz dos ambientes culturais seculares. Mas, no entanto, eles não foram capazes de reter seus fiéis porque possívelmente viajaram rápido demais. E os fiéis não possam mais perceber a distinção do que é uma religião de uma posição política.

E assim conclui Diotallevi,

“Não é casualidade que nesta situação o sacramento do matrimônio se converta em um problema para a Igreja Católica. É literalmente inconcebível, desde a perspectiva da religião de baixa intensidade, a qual, no entanto, reserva uma atenção grande mas genérica ao bem-estar da família.”

E essa penetração da religião de baixa intensidade é o que passamos a observar no Sínodo da Família e depois dele, onde, em vez de discutir a problemática da desintegração familiar, dedicou seu esforço a discutir a integração de valores do secularismo à igreja. Como, por exemplo, não distinguir entre os divorciados e os casados (acesso igual à comunhão) e a legitimação da diversidade de orientações sexuais ( a aceitação da homossexualidade como sexualidade).

O norte da Europa é um laboratório social para ver aonde leva esse tipo de cristianismo.

 

A DECADÊNCIA RELIGIOSA DO NORTE DA EUROPA

Tomemos o laboratório do norte da Europa, que se tornou uma das regiões menos religiosas do mundo. Pioneira na introdução de leis a favor do aborto, do 'casamento' entre pessoas do mesmo sexo, e onde a moralidade do laissez-faire reina junto com a apatia religiosa. No entanto, há um resultado misto se analisarmos as diferentes denominações e orientações religiosas.

As religiões ligadas ao estado são as que mais caíram no número de fiéis. Por exemplo, a Igreja Luterana nos países escandinavos ou os anglicanos na Grã-Bretanha. Por exemplo, os anglicanos que participam da missa passaram de 800.000 no meio do século para apenas 50.000 nestes tempos. E na Suécia apenas 4 por cento dos luteranos frequentam regularmente os serviços, enquanto que a Noruega e a Finlândia estão abaixo de 2 por cento. No entanto, nesta região mais sem Deus, a Igreja Católica tradicional, que é uma minoria, está passando por um renascimento.

Atualmente, e por enquanto, há mais católicos praticantes do que anglicanos praticantes na Grã-Bretanha. Na Escandinávia, existe cerca de 600.000 católicos, aproximadamente 3% da população, o que equivale a uma proporção semelhante à dos católicos na Ásia. Provavelmente isso tem a ver com a imigração, especialmente a partir dos antigos estados do bloco oriental, por exemplo. A Escandinávia e as Ilhas Britânicas foram inundadas de imigrantes de nações católicas como Polônia, Eslováquia, Croácia e Lituânia. No entanto, o número de seminaristas britânicos cresceu quatro vezes na última década. E isso não pode ser explicado pela imigração ou por conjunturas de visita do Papa ou das relíquias, porque essa tendência ascendente é constante há dez anos. Por exemplo, os países escandinavos são uma das regiões com mais vocações no hemisfério norte. A Igreja tem 103.000 membros na Suécia e 17 seminaristas. Pelo contrário, a arquidiocese de Viena tem treze vezes mais fiéis, mas menos da metade das vocações sacerdotais.

Outro exemplo, na Escandinávia, o Caminho Neocatecumenal tem 18 seminaristas na Dinamarca, que é um país com apenas 40.000 católicos, e na Finlândia, com apenas 10.500 católicos, tem 15 freiras. Em 2009, foram registrada as maiores peregrinações britânicas desde a Idade Média em consequência das relíquias de Santa Teresa de Lisieux que viajaram por toda a região.

Foram lançados eventos anuais de peregrinação, tais como a St. John Paul II Walk e as  confissões mais que dobraram nesta década. Estão sendo produzidas grande quantidade de conversões. E as ordens de clausura são particularmente bem sucedidas nos países escandinavos com uma freira a cada 880 católicos, em comparação a uma a cada 1400 nos EUA, e em acentuado declínio.

Quando em 2009, o Papa Bento XVI criou o Ordinariato de Nossa Senhora de Walsingham, para permitir que sacerdotes anglicanos entrassem na Igreja Católica, muitos clérigos anglicanos o fizeram e se espera que o Vaticano crie um Ordinariato semelhante para os países escandinavos.

 

A EXPLICAÇÃO DO DESVIO ANGLICANO E LUTERANO

Existem várias razões para esta implosão protestante. Mas podemos buscar as mais fortes em que a doutrina e a práxis pastoral a fizeram indistinguível da cultura secular. Por exemplo, a bispa luterana de Estocolmo é uma lésbica praticante. Pelo contrário, o catolicismo sempre foi contracultural, até agora. E enquanto o clima político e intelectual mudou, os católicos mantiveram sua melhor crença em uma verdade moral, apesar de que a verdade seja impopular. Ou seja, que o desvio doutrinal e de prática pastoral afetou menos o catolicismo.

E assim, em tom de brincadeira, foi dito que as denominações anglicanas e protestantes são a expressão dos conservadores, ou seja, os conservadores em oração. Seus ensinamentos sobre a sexualidade, o matrimônio, a ordenação de mulheres e de homossexuais fez parecer que a moralidade é algo mutável de acordo com as modas do momento, que a acaba por lhe tirar credibilidade. No entanto, é relativo e parece que pode mudar para os católicos.

Talvez os anglicanos e luteranos do norte da Europa tenham se movimentando mais rapidamente para adotar as modas do secularismo. Mas também o catolicismo também parece estar se movimentando nessa direção. Basta apenas lembrar o que ocorreu no Sínodo da Família e as queixas de abertura às modas do momento, que alguns bispos reclamaram. Mas a Igreja Católica está obrigada a fazer mudanças mais lentamente, porque sempre foi mais tradicionalista. Mas, por outro lado, também se nota um forte setor de pureza doutrinária, pequeno e marginal na Igreja Católica. Que não diminui, mas cresce, e que pode ser visto nas vocações para freiras de clausura, por exemplo.

 

O QUE NOS MOSTRA O CASO DE ANGLICANOS E LUTERANOS

O desvio que tomaram anglicanos e luteranos do norte da Europa pôs em dúvida a subsistência de sua religião. Na medida em que a linha demarcatória entre esta e uma expressão cultural desaparece, os poderes seculares têm sido muito ativos na reforma religiosa, tratando de pressionar para uma religião que não os incomode, uma religião que não seja contracultural e protestataria, e, portanto, não os contradiga.

Essa conformação da nova modalidade religiosa leva à incorporação do relativismo e a uma religião de "baixa intensidade".

É como a tentação que Jesus viveu no deserto.

É a promessa aos líderes religiosos que, se abrirem as comportas e se tornarem mais flexíveis, terão uma vida mais agradável, bem-sucedida e popular. Mas se não o fizerem, serão perseguidos, que é o que está acontecendo hoje no Ocidente.

Se nós, católicos, continuarmos pelo caminho da renúncia à ortodoxia do dogma e da práxis pastoral, receberemos os aplausos do mundo e seus favores. E se não o fizermos, receberemos a guerra, através de uma crítica feroz, estigmatização, perseguições legais, cortes econômicos, que recairão em primeiro lugar sobre os líderes, ou seja, o Papa e os bispos.

Isto é o que não quer a Igreja Católica da Alemanha, por exemplo, e deseja abrir-se o máximo possível.

E, nesse sentido, é que vem à mente a visão de Bento XVI, que durante décadas profetizou isso, e ele propôs optar por uma igreja menor, mas forte doutrinariamente, e que de alguma forma tentou preparar em seu pontificado, fazer com que a Igreja perdesse o medo de ser minoria e aceitar as perseguições como parte de sua visão profética inerente. O jovem teólogo Joseph Ratzinger (mais tarde Bento XVI) alertou em 1969, logo após a conclusão do Concílio Vaticano II, que a igreja encolheria, perderia poder e fé e que teria que recomeçar.

Deste doloroso caminho de reconversão, que ele disse que estava recém começando, surgirá uma igreja mais espiritualizada e simplificada.

Então, no início, o que aconteceu com os anglicanos e luteranos do norte da Europa é uma amostra do que acontece com as religiões quando elas optam por adaptarem-se ao mundo. Quando uma denominação se torna uma religião de baixa intensidade, será mais aplaudida pelos poderes seculares laicistas.

Mas ela terá pouco a dizer, exceto refletir os valores da sociedade secular. E por isso, a longo prazo, terminará como os anglicanos e os luteranos.

O maligno já o ofereceu a Jesus durante seu jejum de 40 dias, Jesus não o aceitou e é por isso que sua pregação mantém sua validade, e agora ele o oferece à Igreja.

Olhemos qual poderia ser o futuro apreciando o que está acontecendo no norte da Europa.

 

Fontes:
http://www.teologiamilano.it/teologiamilano/allegati/
http://www.thecatholicthing.org/2014/11/29/a-catholic
https://www.lifesitenews.com/news/finland-passes-law
http://y47.6e8.mwp.accessdomain.com/58718/la-profecia
http://magister.blogautore.espresso.repubblica.it/2017/04/30/

 

Extraído de: https://www.forosdelavirgen.org/articulos/cristianismo-adoptando-agenda-laicista

 


Busca


Quarta-feira, 08 de Maio de 2024










Mulher Vestida de Sol