Agressão e hostilidade podem ter implicações nas funções cognitivas nos anos seguintes.

 

Jovens adultos que apresentam atitudes hostis e que têm dificuldade para lidar com o estresse podem experimentar problemas de memória e raciocínio mais tarde na vida, de acordo com um estudo publicado online na revista Neurology.

Características psicológicas podem afetar a percepção do indivíduo e sua resposta a experiências estressantes.

Há evidências de que uma atitude hostil, por exemplo, pode reduzir o limite de ativação da resposta ao estresse. Ela também poderia ter um impacto sobre a função cognitiva nos perfis de risco vascular que estejam relacionados a prejuízo cognitivo.

Drª Lenore J. Launer, PhD, do National Institutes of Health (NIH) em Bethesda, Maryland (EUA) e colegas examinaram 3.126 pessoas em duas fases em sua vida.

Os participantes, com idade média de 25 anos, responderam perguntas que mediam suas personalidades e atitudes, sua capacidade de lidar com o estresse e memória e habilidades de raciocínio.

As mesmas habilidades cognitivas foram medidas novamente quando chegaram a uma idade média de 50 anos.

As questões relacionadas com a personalidade foram usadas para medir os níveis de hostilidade. As perguntas foram concebidas para avaliar o comportamento agressivo, a desconfiança dos outros e os sentimentos negativos associados com as relações sociais.

Houve também uma questão relacionada com "esforço de enfrentamento", definida como "tentativas para reduzir o estresse, apesar das repetidas barreiras para o êxito."

Boas estratégias de enfrentamento poderiam significar uma melhora da função cognitiva a longo prazo.

Os participantes foram, então, divididos em quatro grupos, de acordo com o seu nível de hostilidade e de esforço de enfrentamento.

O estudo mostrou que as pessoas com os níveis mais altos de ambas as características (hostilidade e esforço de enfrentamento) tiveram, 25 anos mais tarde, desempenho significativamente pior nos testes de memória e raciocínio do que as pessoas com os mais baixos níveis daqueles traços.

Por exemplo, quando convidados a recordar uma lista de 15 palavras, os participantes que tinham os mais altos níveis de hostilidade quando jovens adultos lembraram 16% menos palavras do que aqueles com menos hostilidade.

Aqueles que tinham mais dificuldade em lidar com o stress quando jovens se lembraram de até 30% menos palavras do que aqueles que tinham menos problemas para lidar.

O ajuste para os fatores como depressão, eventos negativos na vida e discriminação não alterou os resultados.

Fatores como risco cardiovascular, diabetes e pressão arterial elevada não fizeram diferença para os resultados de capacidade de enfrentamento, mas eles reduziram a relação entre hostilidade e habilidades de raciocínio.

Launer, que é membro da Academia Americana de Neurologia, diz:

"Nós não podemos pensar em nossos traços de personalidade como tendo qualquer relação com o quão bem nós pensamos ou lembramos de coisas, mas nós descobrimos que o efeito de ter uma atitude hostil e pobres habilidades de enfrentamento na capacidade de raciocínio era semelhante ao efeito de mais de uma década de envelhecimento."

Launer observa que as descobertas não provam que as atitudes hostis e pobres habilidades de enfrentamento causam danos à memória e ao raciocínio; eles simplesmente indicam uma associação.

No entanto, ela ressalta que, se novos estudos puderem confirmar uma ligação, pode valer a pena a procura de estratégias para mudar essas características. Isso não só poderia promover interações sociais positivas e habilidades de enfrentamento, enquanto as pessoas são jovens, mas também poderia reduzir os problemas de memória e pensamento na meia-idade.

O site Medical News Today publicou recentemente descobertas que mostram que a atividade em uma parte do cérebro chamada septo lateral pode levar algumas pessoas a entrarem em um acesso de raiva.

 

Fonte:  Medical News Today