(1150)

Festa em 14 de setembro

 

No ano de 1150, o primeiro rei de Portugal, Afonso I, tinha entre seus vassalos um cavaleiro ainda jovem, mas cheio de coragem e virtude, chamado Fuas Roupinho, muito amigo da caça.

No dia da exaltação da Santa Cruz, esse cavaleiro perseguia à disparada um veado. A região estava coberta de densa neblina, e ele não distinguia aonde iria parar. Perseguindo-o por uma ladeira íngreme a cavalo naquela manhã nublada, o nevoeiro se tornou mais pesado de repente. O cervo, mais tarde suspeito de ser o diabo sob o disfarce de um veado, saltou da borda do topo da colina para o vazio. Apesar de seus esforços para parar seu cavalo, a montada espirituosa estava determinada a seguir após o cervo. Desamparado para se salvar, o cavaleiro de repente reconheceu que estava perto da gruta sagrada onde muitas vezes vinha para rezar. Fuas Roupinho gritou à Santíssima Virgem, rezando em voz alta: "Nossa Senhora, ajuda-me!".

O cavalo parou imediatamente, como se estivesse cavando seus cascos no penhasco rochoso acima do vazio. Suspenso de maneira não natural na beira do precipício, Fuas Roupinho sabia que a queda seria superior a 100 metros, e certamente significaria sua morte se ele tivesse caído. Ele foi então capaz de recuar lentamente para longe da borda, olhando para baixo para ver a evidência do impossível e inimaginável - pois ali na pedra dura estava a marca de um dos cascos de seu cavalo. Uma dessas marcas ainda pode ser vista na rocha nativa.

Fuas Roupinho desmontou e foi até a gruta para rezar e agradecer, fazendo com que uma capela 'Capela da Memória', ou 'A Capela da Memória', fosse construída bem perto do local onde sua vida havia sido milagrosamente salva. Quando os pedreiros que ele havia contratado desmontaram o altar primitivo na caverna, encontraram uma espécie de caixa de marfim que continha as relíquias de São Brás e São Bartolomeu. Havia também um pergaminho antigo que eles removeram cuidadosamente. Abrindo o pergaminho, eles descobriram que ele explicava a história da estátua da Bem-Aventurada Virgem Maria e seu Divino Menino, agora conhecida como Nossa Senhora de Nazaré, como descrito acima.

A história da estátua

Dizia o documento que, quando os imperadores de Constantinopla perseguiram o culto das imagens e mandaram destruí-las em todo o império, um monge levou-a para um convento da Espanha, nas vizinhanças de Mérida, onde foi venerada por causa de seus muitos milagres.

Em 714, os sarracenos invadiram a Espanha, e, para fugir deles, o rei Roderico escondeu-se naquele convento, mas, tendo de retirar-se dali com um monge chamado Romano, levou a referida imagem e algumas relíquias e escondeu-as numa gruta daquele rochedo.

 

Para agradecer tão grande graça, o cavaleiro mandou construir uma capela no lugar onde Nossa Senhora o tinha socorrido de maneira tão prodigiosa.  

 

 

 

Construção da Igreja

A igreja Santuário de Nossa Senhora da Nazaré foi mais tarde construída no topo da colina com vista para Nazaré pelo rei Fernando I de Portugal no ano de 1377, ricamente dotada por ele e por outros membros da família real.

Sua construção foi necessária devido ao grande número de peregrinos que continuaram a venerar a imagem. Ao longo dos anos ela foi frequentemente reconstruída, ou teve adições feitas, especialmente nos séculos XVII, XVIII e XIX. A abside profusamente decorada e dourada exibe a estátua de Nossa Senhora da Nazaré em um nicho iluminado acima do altar principal, ladeada por colunas retorcidas.

O primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, assim como os principais nobres de sua corte, estavam entre os primeiros peregrinos ao santuário. Muitas figuras notáveis vieram visitar Nossa Senhora de Nazaré ao longo da história, incluindo Vasco de Gama, que veio como peregrino antes de partir para a Índia, e Pedro Álvares Cabral, que mais tarde descobriu o Brasil. São Francisco Xavier, o Apóstolo do Oriente, foi em peregrinação a Nossa Senhora de Nazaré antes de mais tarde partir para Goa.

Assim, até hoje os navegantes avistam, de muito longe, a magnífica igreja situada no alto do rochedo junto da praia, e os habitantes dos arredores e de todo o país vão em devotas peregrinações implorar da Santíssima Virgem a proteção e prestar-lhe suas homenagens.

Por ter sido venerada em Nazaré, segundo rezava o documento preso na imagem encontrada por Fuas Roupinho, chamaram-na Nossa Senhora de Nazaré.

Sua festa acontece em 14 de setembro.

Sobre a imagem

Segundo uma placa colocada na capela em 1623, a imagem foi esculpida por São José na Galiléia quando Jesus era um bebê. Algumas décadas mais tarde, São Lucas, o Evangelista, pintou os rostos e as mãos das imagens. Permaneceu em Nazaré até ser trazida pelo monge grego Ciriaco para a Península Ibérica. Acredita-se que seja uma das imagens mais antigas veneradas pelos cristãos.