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No Brasil, católicas feministas querem Igreja sem padre, pró-aborto e LGBT+

 

08 Novembro 2021
Por Júlia Flores

A Igreja Católica é uma das Instituições mais tradicionais da sociedade ocidental. Mas movimentos feministas e LGBTQIA+ tentam adaptar regras e redefinir estruturas de poder dentro do catolicismo. O popular grupo internacional “Maria 2.0” reiindica, or exemplo, a indicação de uma mulher ao cargo de Papa. A “Papisa” seria a maior autoridade dentro da religião. Aqui no Brasil, entidades lutam por uma fé diversa, inclusiva e acolhedora que repense normas em relação ao aborto e ao celibato, por exemplo.

A Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT, que surgiu em 2014, é uma delas. É formada por católicos gays, bissexuais e transgêneros que se reúnem para discutir fé e religião. “Grupos assim estão se fortalecendo dentro da Igreja Católica. São fiéis que se organizam para mostrar que o catecismo está errado quando diz que somos ‘intrinsicamente desordenados’, diz Cris Serra, coordenadora do movimento, que hoje conta com mais de 22 grupos espalhados por comunidades do Brasil.

A presença de movimentos LGBTs dentro da Igreja não é nova. Um dos coletivos mais famosos é o Dignity, que surgiu em 1969. Depois que o Vaticano proibiu a realização de eventos do grupo em paróquias e sedes oficiais, a partir dops anos 80, os encontros do coletivo (agora chamado Dignity USA) passaram a acontecer em templos protestantes.

Esses movimentos voltaram a ganhar força e repercussão depois da eleição do Papa Francisco, em 2013. “O Papa está propondo mudanças estruturais na Igreja. Quem vê de fora, acha que é algo pequeno, mas não é; só através da reestruturação de poder dentro da Instituição, é que romperemos com padrões”, afirma Cris. Ela defende que a Igreja deve se tomar um ambiente acolhedor aos homossexuais, reveja a verticalidade dos poderes e o tratamento às mulheres.

“Ser padre é o’armário’ perfeito para quem não tem coragem de confrontar a própria sexualidade”, diz Cris. Ela, que se identifica como uma pessoa não binária, levou tempo para se reconciliar com a própria fé: “Achava que tinha algo de errado comigo, que eu estava cometendo um pecado por gostar de beijar meninas. Nisso, eu parei de comungar e por alguns anos confrontar minha espiritualidade foi um processo doloroso”.

Mas Cris não deixou a fé de lado: “Com 20 anos comecei a entrar em qualquer igreja para me confessar. Perguntava para todos os padres que encontrava: ‘Qual é o problema de ser homossexual?’. Um deles ficou vermelho, suou, e disse ‘olha, eu não sei’. Outro disse que não tinha problema, que eu tinha razão, todo amor gera vida – e é isso que importa. Desde então, retomei minhas idas às missas”.

Hoje ela é uma das princiapsis ativistas LGBTQIA+ do Brasil dentro da Igreja Católica e defende a revisão da homossexualidade como pecado, luta pela inclusão dessas fiéis nos ambientes religiosos e prega pelo fim do celibato para membros do clero. “Essa repressão gera abuso. Precisamos rever como a Igreja encara a sexualidade”.

Pintam os gays como pessoas do ‘mal’, contra a família e os costumes, enquanto os religiosos são ‘do bem’, interessados em uma sociedade melhor.

 

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/11/08/catolicas-feministas-elas-querem-uma-igreja-horizontal-pro-aborto-e-lgbt.htm

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