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Nossa Senhora Rainha
Data de festividade: 22 de Agosto.
O glorioso título de Rainha
Essa augusta prerrogativa de Nossa Senhora é apresentada com profundidade pelo santo Fundador dos Redentoristas, ao iniciar seus comentários sobre a Salve Rainha:
“Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que de todos seja honrada com o título glorioso de Rainha. Se o Filho é Rei, diz Pseudo-Atanásio, justamente a Mãe deve considerar-se e chamar-se Rainha. Desde o momento em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz São Bernardino de Siena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. Se a carne de Maria, conclui Arnoldo abade, não foi diversa da de Jesus, como, pois, da monarquia do Filho pode ser separada a Mãe?”
Por isso, deve-se considerar que a glória do reino não só é comum entre Mãe e Filho, mas é a mesma para ambos. 
Maria Rainha: obra-prima da misericórdia de Deus
À luz desses ensinamentos, ouçamos o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comentar a realeza da Virgem Maria:
“Nossa Senhora Rainha é um título que exprime o seguinte fato: sendo Ela Mãe da segunda Pessoa da Santíssima Trindade e Esposa da Terceira Pessoa, Deus, para honrá-La, deu-Lhe o império sobre o universo. Todos os Anjos, Santos, homens vivos, almas do Purgatório, réprobos do Inferno e demônios obedecem à Santíssima Virgem. Há, portanto, uma mediação de poder, e não apenas de graça, pela qual Deus realiza todas as suas obras por intermédio de sua Mãe. Maria não é apenas o canal por onde o império de Deus passa; Ela é também Rainha, que decide segundo sua própria vontade, conforme os desígnios do Rei. Nossa Senhora é uma obra-prima da habilidade divina para ter misericórdia em relação aos homens…”
Rainha dos corações
Continua o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “São Luís Grignion de Montfort faz referência a essa linda invocação: Nossa Senhora Rainha dos Corações. Como ‘coração’ entende-se, na linguagem bíblica, a mentalidade do homem, sobretudo sua vontade e seus desígnios”.
Nossa Senhora é Rainha dos corações porque tem poder sobre a mente e a vontade dos homens. Esse império Maria exerce não por tirania, mas pela graça, libertando os homens de seus defeitos e atraindo-os com suavidade para o bem. Esse poder de Maria sobre as almas revela sua onipotência suplicante, que tudo alcança da misericórdia divina. Tal domínio sobre os corações vale incomparavelmente mais do que ser soberana dos mares, terras ou astros, pois uma única alma é de valor infinito! Mas, a vontade do homem moderno, com raras exceções, é dominada pela revolução. Quem deseja libertar-se desse jugo deve unir-se ao Coração contrarrevolucionário por excelência: ao Sagrado Coração de Jesus e ao Sapiencial e Imaculado Coração de Maria.
Rainha posta para a salvação do mundo
Ainda sobre o título de Nossa Senhora Rainha, palavras eloquentes do Papa Pio XII afirmam: “A realeza de Maria é uma realidade ultraterrena, que ao mesmo tempo penetra até no mais íntimo dos corações e os toca na sua essência profunda, no que eles têm de espiritual e imortal”.
Que poderiam, portanto, fazer os cristãos na hora atual, em que a unidade e a paz do mundo, e até as próprias fontes da vida, estão em perigo, se não volverem o olhar para Aquela que se lhes apresenta revestida do poder real?
Assim como Ela envolveu o Divino Menino em seu manto (Col 1,15), assim também digne-se envolver todos os homens e povos com sua vigilante ternura. Como Sede da Sabedoria, faz brilhar a verdade das palavras inspiradas: “Por meu intermédio reinam os reis, e os magistrados administram a justiça; por meio de Mim mandam os príncipes e os soberanos governam com retidão”. (Prov. 8, 15-16)
Se o mundo hoje luta por unidade e paz, a invocação do reino de Maria é o clamor da fé e da esperança cristã, firme nas promessas divinas e nos auxílios que este império de Maria difundiu para a salvação da humanidade.
Rainha que vencerá a Revolução
Como fecho desses comentários, vem outro pensamento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, oportuno nesta fase histórica:
A realeza de Nossa Senhora, fato incontestável em todas as épocas da Igreja, foi explicitada desde São Luís Grignion de Montfort até 13 de julho de 1917, quando Maria anunciou em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” É a vitória da Virgem sobre o demônio, implantando seu Reino.
Devemos confiar que Maria atenderá às súplicas de seus filhos e que, como Soberana do universo, pode fazer a Contra-Revolução conquistar incontável número de almas. Nossa Senhora Rainha poderá expulsar da Terra revolucionários impenitentes, cumprindo a promessa de Fátima: seu Coração Imaculado triunfou!
À destra de Deus, a Rainha que intercede pelos homens
Comentando esse texto, diz o Pe. Jourdain:
Com razão o Rei-Profeta mostra a Virgem Maria – a Rainha, como ele a chama – sentada à direita de Deus no Céu: Adstitit regina a dextris tuis.
Se o Rei Salomão quis preparar um sólio para sua mãe, Betsabéia, como pensar que Jesus teria menos atenção para com sua Mãe? Maria excede em dignidade a todas as outras mulheres. Ela é Rainha onipotente para nos ajudar, nos proteger e nos defender. Ela salva seu povo e oferece seguro asilo. A Bem-aventurada Virgem Maria nos livra da morte eterna e desvia de nós a suprema condenação.
Honrada com o lugar imediato junto ao Rei
Segundo São Boaventura, Jesus reservou à Mãe o “lugar imediato junto ao Rei” por três razões:
- Primeira, união amorosa de corações: nada se interpõe entre o coração de Deus e o da Virgem.
- Segunda, frequente intercessão pelos pecadores: estando perto do Rei, pode falar ao seu ouvido e evitar severa sentença contra os que recorrem a Ela. Exemplo: Ester 7.
- Terceira, pelo patriarcado: transferido a Cristo e Maria, como salvadores da humanidade. Ela, que reina com o Filho para sempre, nos alcança o perdão dos pecados.
Rainha de todos os Santos, à direita do Altíssimo
Sobre esta preeminência, considere o Tesouro de Oratória Sagrada:
No dia de sua Assunção, o esplendor de Maria superou ao dos astros; sua beleza ofuscou toda outra luz. O Salmista, arrebatado, admirava a Rainha com vestido bordado de ouro, engalanada, sentada no trono do próprio Rei.
Tendo sido Maria superior aos Patriarcas, Profetas, Apóstolos, Mártires, Padres, Confessores, Virgens e todos na santidade, no dia da Assunção apareceu coroada Rainha de todos os Santos.
Deus exaltou Maria no Céu e quis que sua glorificação tivesse esplendor na Terra. Em suas mãos estão o cetro da misericórdia e as chaves da beneficência. Por Ela, todos os favores chegam aos homens: glória ao Céu, paz à Terra, fé ao povo, alegria aos desgraçados. Altos e baixos, sábios e ignorantes, todos podem confiar em Maria como nossa Rainha e Mãe.
(Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado; Monsenhor João Clá Dias, EP; Artpress – São Paulo, 1997, p. 43 a 46 e 283-284)
Oração
Minha Mãe, sois Rainha de todas as almas, mesmo das mais duras e empedernidas que queiram abrir-se a Vós. Suplico-Vos, pois: sede Soberana de minha alma; quebrai os rochedos interiores de meu espírito e as resistências abjetas do fundo de meu coração. Dissolvei, por um ato de vosso império, minhas paixões desordenadas, minhas volições péssimas, e o resíduo dos meus pecados passados que em mim possam ter ficado. Limpai-me, ó minha Mãe, a fim de que eu seja inteiramente vosso.